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sábado, 3 de julho de 2010

A lírica de Gonçalves Dias - Um primeiro olhar...

. Temática lírica de Gonçalves Dias

A poesia lírico-amorosa: A lírica amorosa de Gonçalves Dias caracteriza-se por sentimentalismo e por uma concepção eminentemente trágica do amor (amar é chorar, sofrer e morrer). A aproximação de amor e morte (Eros e Thanatos) é uma constante na poesia, desde os gregos.

A crítica de inspiração biográfica e psicológica interpreta essa concepção do amor como conseqüência da vida amorosa infeliz de seu autor.

Em muitas composições aparecem lugares comuns do Romantismo: pessimismo, insatisfação e individualismo, temperados, porém, pelo gosto da norma universalizante e pela dignidade clássica.

Ainda mais uma vez - Adeus!

I

Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias
Dos teus olhos afastado
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!

II

Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludibrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Não se condói do infeliz!

............................

XVI

Adeus qu'eu parto, senhora:
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nessa hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!

XVII

Lerás porém algum dia
Meus versos d'alma arrancados,
D'amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; - e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade,
Que chores, não de saudade,
Nem de amor; - de compaixão.

Olhos verdes

São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar;
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança,
Uns olhos por que morri:
Que ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor;
Têm luz mais branda e mais forte,
Diz uma - vida, outra - morte;
Uma - loucura, outra - amor.
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!

A poesia lírico e saudosista: É constante a atitude panteísta, de contemplação da natureza como manifestação de Deus. A natureza é também refúgio e confidente do poeta, nos momentos de saudade, solidão e desalento. Leia também o poema "Canção do Exílio", certamente o mais conhecido do autor.

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