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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Tipos de romances

TIPOS DE ROMANCE

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Estudos Literários



A classificação dos tipos de romances é um tanto confusa pelo simples fato de dependerem de pontos de vista. Por isso todas são passíveis de discussão. Nosso objetivo não é discutir o problema, nem os pontos de vista dos estudiosos do assunto, mas, sim, apresentar os tipos como referenciais para pesquisas mais profundas. Assim, relaciono abaixo, apenas alguns, de acordo com o tipo de abordagem (tema principal), conforme pesquisas feitas em diversas fontes:

ROMANCE URBANO

O romance urbano tem como característica predominante retratar e criticar os costumes de uma sociedade. Daí, historicamente, ser sinônimo de romance realista, especialmente no século XIX. Um de seus principais representantes é Thomas Hardy, autor de Judas, o Obscuro (Jude the Obscure, 1896). A fórmula do romance francês conquistou adeptos importantes em todas as literaturas e é nesse estilo que o romance urbaRicardo Sérgio
Publicado no Recanto das Letras em 09/02/2007
Código do texto: T374583no chega ao Brasil.

Seu introdutor foi Joaquim Manoel de Macedo, quando em 1844, publica A Moreninha, um romance adaptado ao nosso cenário, retratando os costumes, as manias, e as mediocridades da sociedade carioca de então. A descrição desses costumes (festas e tradições), a caracterização do espaço urbano, deu a obra também um valor documental. Outros representantes foram José de Alencar, Senhora, Lucíola; Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias; Érico Veríssimo, Clarissa, Olhai os Lírios dos Campos; para só citar esses nomes.

ROMANCE SERTANEJO OU REGIONALISTA

Tipicamente brasileiro, aborda questões sociais a respeito de determinadas regiões do Brasil, destacando as características de cada região. Foi a atração pelo pitoresco e o desejo de explorar e investigar o Brasil do interior, que fizeram o autor romântico se interessar pela vida e hábitos das populações que viviam distantes das cidades. Seguindo o caminho tradicional, iniciado no Romantismo por autores como: Visconde de Taunay, Bernardo Guimarães, Franklin Távora, uma safra de bons escritores continuam a retratar o homem no ambiente das zonas rurais, com seus problemas geográficos e sociais. Por exemplo: Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, José Lins do Rego, Érico Veríssimo, Jorge Amado, só para falar de alguns. Bernardo Guimarães foi um dos iniciadores do regionalismo romântico com a publicação de O Ermitão de Muquém, publicado em 1869.

ROMANCE HISTÓRICO

O romance histórico surgiu no início do século XIX, e tinha como característica a reconstrução dos costumes, da fala e das instituições do passado. Para tanto, servia-se de enredo fictício e a mistura de personagens históricos e de ficção O primeiro romance histórico da literatura universal foi Waverley (1814), de Sir Walter Scott; mas o que serviu de modelo a todos os outros, foi The Heart of Midlothian (O Coração de Midlothian, 1818) do mesmo autor. O maior de todos os romances históricos foi, Guerra e Paz (Voina i mir, 1869), de Tolstoi. Do romance histórico derivou-se o subgênero chamado "romance de capa e espada", cujo mestre foi o francês Alexandre Dumas, autor de Os Três Mosqueteiros (Les Trois Mousquetaires, 1844).

No Brasil, foi um dos principais meios encontrados pelos românticos para a reinterpretação nacionalista de fatos e personagens da nossa história, numa revalorização e idealização de nosso passado. Nessa linha, os autores mais importantes são: José de Alencar, As Minas de Prata, A guerra dos Mascates; Bernardo Guimarães, Lendas e Romances, Histórias e Tradições da Província de Minas Gerais; Franklin Távora, O Matuto, Lourenço.

Atualmente nosso o romance histórico, consegue fundir narrativa policial, fatos políticos e abordagem histórica como em Agosto, de Rubem Fonseca, que expõe os acontecimentos políticos que levaram Getúlio Vargas ao suicídio; Olga, de Fernando Morais que retrata a história da esposa de Luís Carlos Prestes, entregue aos alemães nazistas pelo governo de Getúlio; só para citar alguns.

ROMANCE INDIANISTA

Definido em nosso romantismo como corrente literária, traz o índio e os costumes indígenas, como foco literário. Considerado uma autêntica expressão da nacionalidade, o índio era altamente idealizado. Como um símbolo da pureza e da inocência, representava o homem não corrompido pela sociedade, o não capitalista, além de assemelhar-se aos heróis medievais, fortes e éticos. O indianismo fez de certos romances excelentes documentos históricos.

Indianista nos dois melhores romances que escreveu, O Guarani e Iracema (a mais bela lenda indígena transformada em prosa), José de Alencar é o nosso mais representativo autor indianista. Mais modernamente, o indianismo é visível em Macunaína, de Mário de Andrade, Cobra Norato, de Raul Bopp, e Martin Cerrerê, de Casiano Ricar.

ROMANCE PSICOLÓGICO

Em comparação com o romance realista, o romance psicológico dirige sua atenção menos para as forças determinantes, exteriores da sociedade; prefere perscrutar e analisar os motivos íntimos das decisões e indecisões humanas. O primeiro exemplo perfeito do gênero foi: As ligações Perigosas (Les Liaisons Dangereuses, 1782), de Choderlos Laclos. Entretanto, o prestígio do romance psicológico só chegou ao auge por volta de 1880, quando Stendhal foi redescoberto e Dostoievski traduzido. Deste último, Crime e Castigo (Prestuplenie i Nakazanie, 1866) é uma das obras-primas do gênero.

Na Literatura Brasileira o romance psicológico tem seu marco inicial com Dom Casmurro, de Machado de Assis. Perto do Coração Selvagem e Laços de Família, de Clarice Lispector, volta-se para a realidade psicológica dos personagens, revelando influência do existencialismo e estabelecendo as técnicas do fluxo de consciência. Outros romances foram: São Bernardo, de Graciliano Ramos; A Menina Morta Cornélio Pena; Crônica da Casa Assassinada, Lúcio Cardoso; para só citar esses nomes.

ROMANCE GÓTICO

O romance gótico surgiu como uma reação ao racionalismo iluminista e, ao mesmo tempo, ao aristocratismo. Foi cultivado, sobretudo na Inglaterra e caracterizou-se pelo vivo interesse na Idade Média: a beleza da arquitetura gótica, as sociedades secretas, a Inquisição, e os monges. Geralmente, é ambientado em cenário lúgubre e desolado: conventos, castelos assombrados, cemitérios. Aborda toda série de horrores, mistérios terrificantes, torturas etc. A Alemanha produziu um dos mais conhecidos romances góticos, As Drogas do Diabo (Elixiren des Teufels, 1816) de Hoffmann. Nos Estados Unidos, o gênero foi representado por Charles Brockden Brown, que influenciou os contos de horror de Edgar Allan Poe. Na Inglaterra, Mary Shelley, que escreveu Frankenstein (1818), em que já aparecem elementos de ficção científica.

No Brasil, Álvares de Azevedo (1831-1852), nos deixou muitos poemas, contos e peças teatrais com ingredientes que o tornam o mais representativo autor brasileiro da literatura gótica. A Lira dos Vinte Anos (1853) e a coletânea de contos A Noite na Taverna (1855), publicados após sua morte, são considerados o que há de mais gótico na literatura brasileira.

ROMANCE NEGRO

Romance cuja ação é pontilhada de crimes hediondos, cujas personagens são dominadas por vícios e paixões criminosas: Justine ou As Desgraças da Virtude, de Sade.

ROMANCE DIDÁTICO

Utiliza uma história fictícia para divulgar um ensinamento: Émile, de Rousseau.

ROMANCE PASTORIL

Esse gênero parte da antiga tradição bucólica Greco-Latina. A Arcádia, do italiano Jacopo Sannazzaro, publicada em 1504, foi traduzida e imitada em toda a Europa. Os personagens são pastores, situados numa natureza sem qualquer relação com a realidade. Na Península Ibérica, o gênero inicia-se com Os Sete Livros de Diana (1559) do português Jorge de Montemayor. Gil Polo publicou uma continuação da obra de Montemayor intitulada Diana Apaixonada. ®Sérgio.

Escrito por:
Ricardo Sérgio
Publicado no Recanto das Letras em 09/02/2007
Código do texto: T374583

Um comentário:

  1. Tenho q fazer um trabalho sobre o gênero
    romance,quando surgiu,quais os tipos e comparar o romance da idade contemporânea
    com o da idade moderna baseando-se no livro Tristão e Isolda,Antonio ou primo
    Basilio,vcs podem me dar uma luz estou um pouco atrapalhada pois é meu primeiro
    semestre de Letras. OBG (lenalim2011@bol.com.br)

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