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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Germinal - Emily Zola

Germinal. Produção: DEPARDIEU, Gerard; Produção: BORDIER, Patrick; Direção: BERRI, Claude. In: Germinal. ,
Notas Gerais: Tipo: Documentario - Historia; Data: 1994; Duração (min.): 155; Cor: Cor; Sistema: NTSC.


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Sob o Segundo Imperio, Etienne Lantier (Renaud), um jovem desempregado que se torna mineiro, enfrenta uma verdadeira descida ao inferno. Em Montsou, ele descobre a miseria, e o alcoolismo. Descobre tambem, os crapulas como Chaval (Jean-Roger Milo), ou homens generosos como Toussaint Maheu (Gerard Depardieu): uma humanidade inteira em estado de luta e sofrimento. Etienne se engaja no combate contra a direcao das minas mas, logo eles contra-atacam. Os salarios caem mais ainda e uma greve assassina e miseravel toma corpo. Em meio a esta confusao sordida, ele encontra o amor de Catherine (Judith Henry). Agora, a greve podera ser combatida pelas tropas do exercito e Etienne tem medo do sangue a ser derramado.......


Émile Édouard Charles Antoine Zola(1840-1902) foi um escritor francês. Contemporâneo à Segunda Revolução Industrial, Zola passou a sua fase adulta num ambiente onde o ciência era supervalorizada, causando um entrosamento entre ela e o pensamento político e social, seja no positivismo filosófico,- um sistema altamente disciplinado e empírico- no darwinismo social,-crença na superioridade de certas etnias- no materialismo- e nos sistemas decorrentes deles como o socialismo- e no determinismo científico- crença de que o caráter dos seres humanos é determinado pela sua hereditariedade ou a seu meio-.Influenciado por essas correntes, Zola funda o naturalismo na obra Thérèse Raquin, em que inicia um posicionamento-o romance de tese-que posteriormente escreve no tratado Romance Experimental, segundo o qual o escritor tem que se posicionar de maneira impessoal e objetiva, tal qual um cientista, e que a premissa do livro deve ser exposta como num experimento científico. Um exemplo claro disso, mesmo sendo anterior a esse tratado, é a série de 20 volumes Les Rougon-Macquart onde é exposta a vida de uma família no segundo império francês. A obra mais conhecida dessa série e do autor, é Germinal.

O protagonista é Etienne Lantier, que aparece anteriormente em A Taberna, é um dos descendentes dos Rougon-Macquart. Vagando em busca de trabalho pelo norte da França ele finalmente o encontra na mina de carvão Voreux, na região de Montsou. Lá ele trava amizade com a família Maheu, família que trabalha há 100 anos na mina, tendo um de seus veios achado por um de seus ancestrais. Também cria uma rivalidade com outro mineiro, Antoine Chaval, por conta de uma filha dos Maheu, Catherine. Posteriormente, é revelada em Etienne uma fagulha revolucionária alimentada pelo estalajadeiro Rasseneur, ex-mineiro expulso da mina por chefiar uma greve, pelo seu companheiro de estalagem Suvarin, revolucionário russo adepto do anarquismo, e por Pluchart, seu contramestre na mina de Lille e representante da Internacional Socialista. Posteriormente, quando da aplicação de uma taxação que reduz o salário dos mineiros, Etienne lidera uma greve geral dos mineradores que termina de forma desastrosa, convertendo os pacatos mineiros numa horda furiosa e faminta.

Toda a obra tenta ser um reflexo da vidas de um mineiro. A linguagem, a devassidão fora e dentro das minas, a dificuldade do trabalho e de se comer, é tudo representado com precisão milimétrica. Inclusive, Zola viveu numa aldeia como a de Deux-Cent-Quarante e trabalhou como mineiro por dois meses, sentindo ele próprio a exaustão e a degradação dos mineiros. Degradação essa causada pela miséria que, segundo o autor, reduz os homens a animais, disputando sexo e comida, junto com o atrelamento de Etienne com sua herança genética, com uma fúria assassina e ébria. Também coloca o operariado como sustentáculo de um deus invisível-o empresariado- que ele cultua alimentando com carne humana as fábricas, minas etc. Mas um fator interessante desta obra em relação às outras de cunho naturalista é a presença de um viés político, representado nas discussões entre Suvarin, Etienne e Rasseneur; onde são colocados em pauta o anarquismo, o socialismo e um protótipo de social-democracia; tentando estabelecer qual dos modelos conseguiria reverter essa degradação humana. Entra em cena inclusive um religioso, pregando o reino dos céus como solução. Na passagem final do livro, é feita uma conclusão pelo autor, onde o fatalismo presente nas obras naturalistas é questionado.


Trecho do Livro:
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“Era sempre assim que começava a conversa, cada um tinha algo a dizer, enquanto o querosene do candeeiro viciava o ar da sala já empesteada pelo cheiro de cebola frita. Esta vida não tinha nada de agradável. Trabalhavam como bestas numa coisa que antes só era feita pelos condenados às grilhetas, morriam ali, muito antes de ter chegado a sua hora, e tudo isso para nem sequer terem carne no jantar. Ainda comiam, claro, mas tão pouco, apenas o suficiente para seguirem sofrendo, cheio de dívidas, perseguidos como se estivessem roubando o pão que não os deixava morrer de fome. Aos domingos sucumbiam, exaustos. Os únicos prazeres eram embriagar-se e fazer filhos na mulher. E ainda por cima a cerveja fazia crescer a barriga, e os filhos, mais tarde, renegavam os pais. Não, não, a vida não tinha graça alguma.”

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