Professor por vocação

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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A fama traz uma vida perfeita?

Por: Vanessa Lacerda, aluna do 3º ano do E.M do Colégio Mutum- (Sistema Positivo.

O mundo vive hoje a era da tecnologia e da informação, assim como a era da fama. Dia após dia, surgem novas celebridades na mídia. Essas novas caras passam para o público uma ideia de vida perfeita, sem preocupações e com melhor qualidade de vida em relação às demais pessoas. Isso se deve ao fato de serem bem sucedidas profissionalmente numa área que é reconhecida por todo o mundo.
No entanto, a vida perfeita, livre de problemas é fictícia e, dessa forma, os famosos também têm momentos infelizes. Muitas acabam por isso se envolvendo com drogas, o que às vezes se torna um caminho irreversível. E é nesse momento que os fãs se indagam: porque ele está acabando com a própria vida assim? O que falta a essa pessoa para ela preencher esse vazio com drogas? São muitos os questionamentos.
Realmente é constrangedor assistir esse desperdício de talento, mas tem-se uma explicação para tudo. Como diz a música anjos das ruas do grupo Rosa de Saron, “ Vejo almas presas chorando em meio a dor, dor de espírito clamando por amor”, esses famosos, mesmo com tanta fama, encontram-se muitas vezes em uma crise existencial em que não estão bem consigo mesmas, ou lhes falta amor e afeto ou ainda, não estão preparadas para tanta pressão e responsabilidade. Enquanto o espírito clama por mais carinho, a realidade estampa a solidão. Esses são os maiores motivos para a entrada num abismo, e principalmente, o psicológico afetado.
Pelo exposto, o que realmente importa ressaltar é que nem toda fama do mundo, nem todo o dinheiro do planeta tornam uma vida perfeita. O que faz a vida ser proveitosa é saber enfrentar as dificuldades com autenticidade e sem tentar alternativas fáceis e sendo sabedor que não existe vida perfeita. Desta forma, Os famosos deixam transparecer que a vida não é fácil, e que valores são preciosos para se viver não somente de fantasia, mas, de realidade.

domingo, 4 de setembro de 2011

"Abençoa, Senhor, a minha também..."


Por: Teacher Chris




Sabe... Família é um negócio engraçado.
Todo mundo que enxerga além do próprio nariz tem percebido que o conceito tradicional dessa instituição, tão indiscutivelmente importante, já não é mais tão tradicional assim. Nós que lidamos com educação temos material de sobra, nesse âmbito, para compreender esse fenômeno que tem tudo a ver com raízes culturais, questões de fé e formação pessoal, é claro.
Não estou dizendo que o legal não seja o modelo básico “pai, mãe e filho”. Mas estou dizendo que as caras que ilustram essas denominações têm adquirido outros formatos, assim como mudaram também as relações interpessoais, no que concerne ao respeito, à maneira de se tratar o outro, eu diria até mesmo, à maneira como vemos quem está ao nosso lado, e creio que isso é um tema merecedor de análises bastante sérias.
Por exemplo.
Todo mundo acha que eu e meu ex-marido temos duas opções básicas. Ou vivemos em pé de guerra, como quando éramos casados... ou voltamos a ser marido e mulher.
Na cabeça das pessoas, é inconcebível que nós sejamos realmente amigos, e que freqüentemos as casas um do outro, e que continuemos mantendo as mesmas relações familiares de quando éramos casados, ou que ele continue chamando meus pais de “sogros” e eu à irmã dele de “cunhada” , apesar dos quase 10 anos de separação. Ninguém entende que eu vejo as namoradas dele sem ciúme, e que ele me dá conselhos sobre com quem devo me relacionar, e que é muito fácil chegar na minha casa aos domingos e pegá-lo na minha varanda tocando sanfona. Eu não vou mencionar as decisões de pai que ele continua tomando, nem o dinheiro que a gente se empresta, ou a pensão que ele faz das tripas coração pra manter em dia, não por medo da polícia (porque isso não existe entre nós), mas porque ele é pai, e sabe o que significa ver um filho passando dificuldade.
Não há desrespeito, nem brigas, como antes. É bem verdade que também não há mais intimidade. Mas ainda há amor. Não o amor que une marido e mulher, mas o amor que une um pai e uma mãe. Ou o amor que há entre amigos que deixaram de viver juntos, mas não deixaram de ser amigos.
Fico pensando nos vários formatos de família que vejo entre os meus alunos. Avós que são mães, mães que são pai e mãe. Pais que são mães e pais, avôs que são pais e irmãos que são tudo... Tenho lido sobre casais homossexuais que têm filhos e que têm criado muitíssimo bem seus filhos, mesmo contra a torcida negativa de uma parte preconceituosa da sociedade. São esses tantos pais e mães, irmãos e avós o que chamamos de “família”, e não existe nada que diga que uma família não possa ser feliz tendo dois pais e nenhuma mãe, ou duas mães e nenhum pai. Algumas só tem um deles e outras nenhum dos dois.
Não creio que seja o ideal, mas como professora, eu sei que existem modelos diferentes. Nem todos os modelos funcionam, a maioria funciona torto, mas isso independe das peças, e tem mais a ver com como as peças convivem e se inter-relacionam.
As pessoas me perguntam como passei por uma separação traumática sem permitir que meus filhos ficassem traumatizados, ou conseguindo, no final, fazer com que o que tinha tudo para ser uma relação de ódio e menosprezo, se tornasse verdadeiramente uma relação familiar.
A resposta é muito simples. Eu entendi que família é família em qualquer lugar, com qualquer cara, e de qualquer jeito. Não é o sangue, nem a genética nem os papéis assinados ou os dogmas religiosos que ditam as regras. É o amor.
O sentimento que move as relações e que nos faz capaz de abrir mão da juventude ou da boa vida pra cuidar de alguém. A única força capaz de subverter demagogias e de vencer preconceitos, erguendo bandeiras e derrubando tabus se preciso for, em defesa de alguém.
Amor, meu caríssimo leitor.
Pura e simplesmente.

CRÕNICA DE UM ACIDENTADO OCIOSO E EM RECUPERAÇÃO



Por: Professor Manuel Alcântara (Mutum/MG)



Dia 15 de agosto de 2011, uma famigerada segunda-feira, 11 da manhã, voltava eu da escola E quase chegando em casa, fui interceptado por um tratorzinho e Crash! Praaa! Boomp! Estava lá um corpo estendido no chão...
Acode dali, gente de lá, multidão ao meu redor...e uma dor insuportável na perna esquerda....doía na alma......
Levaram-me ao Pronto Socorro...Socoooorrooooo: pontos...remédios..injeção, cuidados....
Fico eu de molho em casa por 15 dias, resolvo ler alguns livros que estão na mira há algum tempo e que até então não sobrava tempo para tal.
“O livreiro de Cabul” de Asne Seierstad e também “A cidade do Sol” de Khaled Hosseini, (mesmo autor de “O caçador de Pipas”) são minha prioridade. Lei-os vorazmente.
Narrativas tristes, melancólicas, retratando o universo do Afeganistão e região: guerras, Islamismo e demais seitas oriundas daquela região; o preconceito e a discriminação pelas quais passam as mulheres afegãs. Dá um arrepio em mim a cada página lida, e a narrativa me é apresentada como um soco no estômago.
Tenho visto muitos telejornais também: Crise americana, grega, problemas políticos na Líbia, Furacão Irene nos EUA, crianças assaltantes em São Paulo e Minas. Assassinato da juíza Patrícia Acioli no Rio de Janeiro, e muitos outros juízes “marcados para morrerem”( (des)Ordem e Progresso). O “Fantástico” apresenta uma reportagem em que alunos brigam entre si, com professores, com diretores, mães com mães. Enfim, parece o caos total.
Aproveito o “tempo livre” e releio “Os Ratos” de Dyonélio Machado”. Literatura brasileira e muito conceituada, sempre cobrada em vestibulares como da UFVe UFMG, por exemplo. (Preciso desenvolver um trabalho com meus alunos do 3º ano do E.M. do Colégio Mutum, a pedido da Tia Eneida).
Acabei de terminar. Percebo uma ambigüidade hiperbólica no título. O personagem Naziazeno (lembra Nazareno) contrai uma dívida com o leiteiro (entregava religiosamente toda manhã o leite para matar a fome do filho do personagem principal). Naziazeno tenta de todas as formas obter o dinheiro para quitar a dívida e manter o fornecimento em dia. Mas...a narrativa nos leva a uma série de situações em que o personagem se depara mostrando o quanto o capitalismo neoliberalista interfere nas relações interpessoais e como as pessoas de baixo poder aquisitivo são tratadas neste contexto.
Enfim, deprimente...como os outros livros que anteriormente mencionei.
E...parece receita de literatura que faz sucesso. Com narrativas tristes como “O Quinze”, “Vidas Secas” , às vezes com final trágico à La “Romeu e Julieta”, “Policarpo Quaresma”, “A hora da estrela”...
Quando oriento meus alunos na produção de narrativas, sempre recomendo a capricharem especialmente no final: valorize o surpreendente....surpreenda o leitor...sempre......o modelo cômico de Drummond....
Por mais que a vida me apresente o espetáculo da cultura depressiva, dos fins trágicos... Meu olhar tende para o outro lado: o belo, o humorístico...não creio que seja alienação pensar assim .Creio eu que se faz necessário plantar e regar essas sementes no nosso cotidiano....da positividade....da igualdade entre os gêneros e raças, da solidariedade...e do futuro da raça humana...pois...se continuar assim, a nossa extinção será questão de tempo. Até na selva há certo respeito, harmonia....e é exatamente o que está faltando nas relações humanas...

Educação em todo lugar



Por Júlia Braga - 1º Ano -Colégio Mutum



Manhã de segunda-feira. Iara acorda às seis horas, pega uma folha, um lápis e inicia sua caminhada até o centro da aldeia. No caminho, passa na mina e pega um pouco de água. Na pequena comunidade de Araxós, Amazonas, a escola é, na verdade, uma tenda feita de bambu com folhas de bananeiras e o chão de terra. Nela, o cacique Kuri ensina o pouco que sabe para as crianças, que no resto do dia ajudam seus pais na pesca e na confecção de artesanatos.
Enquanto isso, em Porto Alegre, Marina enche a mochila de livros, canetas e cadernos para esperar a Van e iniciar um longo dia de estudos. Atrasa-se no trânsito e ao chegar ao colégio o sinal já havia tocado. Para piorar: prova surpresa. Depois apresentação de trabalhos, aula prática...
Em Araxós, Iara aprende o alfabeto e quebra a cabeça para tentar descobrir como escreve os nomes dos animais que ela vê nas matas.
Acaba a aula e Marina vai para o cursinho de inglês. Mais alguns minutos no trânsito e ela já está em outro lugar, falando outra língua, com outras pessoas, de outros países! E você pensa que Iara não? Também fala dois idiomas, ou melhor, três. O português, tupi e ainda a linguagem dos pássaros. Esta, que não possui palavras concretas nem regras gramaticais, seria impossível para Marina, que se diz tão esperta na cidade grande.
As duas voltam para casa. Marina começa a fazer suas tarefas de casa, enquanto Iara ajuda sua mãe a pintar as panelas de barro para vender a noite na praça de Araxós. No dia seguinte, as meninas, uma em cada canto do país, acordam. E tudo começa outra vez...
(By Júlia Braga, aluna do 1º ano do E.M. do Colégio Mutum (Sistema Positivo) – Mutum – MG- 31/08/2011)